quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O individualismo e o capitalismo pós-moderno


Por José Valmir Dantas de Andrade

A formação do homem grego define-se como sendo um universo no sentido histórico e espiritual, no que concerne a cultura, tendo como finalidade a justiça, a felicidade, a virtude e a liberdade. Tudo isto, feito de uma forma coletiva. A palavra paidéia é de grande amplitude e não tem uma tradução exata para o português, mas pode ser definida como cultura ou formação do homem em sua integridade. Para se fazer uma designação completa do termo grego, poderíamos denominá-lo de uma só vez como: civilização, cultura, tradição, literatura ou educação.

Para os antigos, assim como agora, a expressão educação não pode se desvencilhar da realidade material e histórica de uma nação. Os precursores da educação foram os gregos, que tiveram uma importância singular na educação do homem ocidental. A teleologia (o termo teleologia vem do grego telos, que significa objetivo, finalidade, projeto de vida coletiva, quando uma ação humana deriva unicamente de suas conseqüências, onde se quer chegar) grega era a educação dos seus cidadãos.

A busca da felicidade

Todo povo que atinge um grau elevado de desenvolvimento, sente-se naturalmente inclinado à educação. Uma educação consciente pode até mudar a natureza física do homem e suas qualidades, elevando sua capacidade a um nível superior. O educar conduz o espírito humano progressivamente à descoberta de si próprio – como diz Milton Nascimento: "Eu, caçador de mim" – e cria pelo conhecimento do mundo exterior e interior, formas melhores de existência humana. A natureza humana, na sua dupla dimensão corpórea e espiritual, cria condições especiais para a manutenção e transmissão de suas formas peculiares de vida física e espiritual, ao que nós damos o nome de educação.

Na educação, como o homem a pratica, atua a mesma forma vital, criadora e plástica que, espontaneamente, impele todas as espécies vivas à conservação e propagação do seu tipo. A história da formação humana é colocada dentro de um nicho do pensar racional e espiritual. Segundo Foucault, o homem é uma invenção nova, mas que já está por se esvair. Para o filósofo francês, o homem só é enquanto um ser do cogito, do pensar. Partindo deste pressuposto, o homem da era do Big Brother é um ser não pensante e, conseqüentemente, um homem fadado, a meu ver, ao niilismo total. Tendo como fio condutor a educação, o homem, segundo o objetivo grego, sobretudo no projeto aristotélico, tende à busca da felicidade. Mas no decorrer da história, se vislumbrou a felicidade por vieses diferenciados.

Compensação da infelicidade

Aristóteles sustentou que o mais alto nível de felicidade humana está no exercício da razão, faculdade inerente somente a esta espécie. Mas, na visão do estagirita, ainda que a razão esteja vinculada a um elemento teórico, é imprescindível que tenhamos alguns elementos práticos, como a segurança econômica e, ainda segundo aquele, precisamos de liberdade pessoal. Nesta concepção, poucas pessoas da época de Aristóteles teriam o direito à felicidade e à liberdade. Dentre as que estariam fora da possibilidade de ser feliz estariam as mulheres e os escravos. Hoje, no mundo atual, afetado por uma lógica do capitalismo selvagem, temos mais de 2 bilhões de pessoas no mundo que estariam totalmente excluídas da possibilidade de gozar da felicidade. Estes são os humanos que vivem em situação de completa insegurança alimentar, sem o que a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante: o direito à segurança social.

Partindo da impossibilidade de alcançar a verdadeira felicidade aqui na terra, a ética cristã transfere sua obtenção para um mundo ultra-terreno. A felicidade só pode ser obtida no céu, como compensação da infelicidade terrena. Deste modo, uma felicidade ideal e ilusória vem substituir a felicidade terrena e real.

Culto ao individualismo

O pensamento ético moderno, particularmente o dos filósofos iluministas e materialistas franceses do século XVIII, sustenta o direito dos homens serem felizes neste mundo, mas concebe a felicidade num plano abstrato, ideal, fora das condições concretas da vida social. Tais pensadores esqueciam o fundamento aristotélico de que o homem necessita de condições concretas para sua felicidade. Apesar, é claro, dos limites do conceito de felicidade imposto por Aristóteles [Vazquez, Adolfo Sanches. Ética. Tradução: João Dell’Anna, 25ª edição. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira: 2004]. Até Maquiavel, que se debruçou sobre uma análise do Estado em seu sentido concreto e real.

A ética do período contemporâneo, que se convencionou chamar de pós-moderna, é uma prática do culto ao individualismo (ou tudo para mim, ou o "inferno" para todos). Uma felicidade nestes moldes é uma felicidade imoral. Certos indivíduos de um grupo social que somente podem encontrar a felicidade à custa da infelicidade dos outros. Todas as potencialidades humanas só teriam valor se estivessem voltadas para a felicidade de um povo ou de toda a humanidade.

Universidade ou o Big Brother?

O homem é, segundo a concepção filosófico-antropológica grega, um ser da polis, alguém da cidade, voltado a discutir as questões que lhe são inerentes, ou seja, um ser não alheio à sua condição fundante. Em suma: o ser homem se encontra essencialmente vinculado às característica do ser político. Esta era a característica do homem grego, um ser voltado para a arete politiken (virtude política). Partindo de uma ética de cunho citatinizante como a grega, a lógica é: ou tudo para a cidade, ou o apocalipse para o individuo.

A virtude (arete) ganhou uma definição dentro de cada nicho histórico-social. E, concomitantemente à virtude (arete), se desenvolvia outro conceito grego, a Dikaiosyne (justiça). Para Aristóteles, a justiça, seria a virtude maior. Na educação espartana, uma educação profícua e muito disciplinadora voltada para a arte da guerra, a virtude estaria mais propensa ao homem guerreiro, disciplinado e diferente, como se percebe, do homem grego ateniense, para o qual a virtude é político-pedagógica. Como se percebe, o universo da cidade grega, e/ou da universidade estava voltado para a educação da cidade, da polis, ou seja, tinha uma eficácia sobre a cidade. A pergunta que devemos lançar hoje é: na nossa cidade, quem tem mais impacto e/ou eficácia, a universidade ou o Big Brother, a meu ver, uma escola de conspiração e vulgaridade?

"Beco sem saída"

O homem moderno, kafkianamente falando, tem se mostrado marcado pelo desespero e a alienação, metamorfoseado em monstros, vivendo o seu estado de natureza, os seus instintos; talvez para ganhar um milhão de reais, ou sei lá o quê. Não que o homem grego, ou o homem educado, não tivesse o seu estado de natureza, seus instintos, pois também os tinham. O preocupante é que talvez a universidade esteja minimizando as chances da barbárie instauradas pelo "jogo" do Big Brother. Não seria nada anacrônico comparar tal jogo ao "Mito da caverna", de Platão. Ali, o filósofo compara, no livro VII da sua obra A Republica, o homem com a educação (paidéia) e o mesmo em relação à falta desta (apaideusia). Homens vivendo numa caverna subterrânea. Isto se refere às pessoas sem o conhecimento da dialética, instrumento supremo do saber, do conhecimento do Bem e do Belo. A tais homens, vivendo ali desde a meninice, só lhes é permitido olhar para a frente. Estão de costas para a saída. São pessoas vivendo numa condição de apatia diante do mundo real, iludidas com o que está à sua frente e virando as costas para aquilo que, segundo a teoria do conhecimento platônica, é o mais salutar de todas as coisas: o mundo das idéias, ou seja, a essência das coisas. O homem que ignora ou despreza o saber vive de aparências, jogando fora a essência da vida, a sabedoria.

E a alegoria segue, mas o que se quer demonstrar aqui é a falta da correlação dos nossos citadinos com a universidade e o atrelamento destes à caverna da estupidez, lado mais mesquinho do homem, uma quase ausência de escrúpulo para se levar vantagem. Antropologicamente, um "beco sem saída." Se fizermos uma pesquisa na nossa cidade, perguntando: a), você conhece o programa Big Brother? e b), você conhece o programa político pedagógico da Universidade Federal de sua cidade?, dependendo do número do "sim" para cada questão, seria um termômetro para sabermos se estamos na caverna ou na paidéa.


Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o_individualismo_e_o_capitalismo_posmoderno

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Filosofia no ENEM


01. Filosofia no ENEM:

Há alguns anos o ensino de Filosofia voltou a ser obrigatório em todas turmas de Ensino Médio no Brasil. Desde então, a Filosofia vem se tornando mais importante nas provas de seleção aos cursos universitários, sejam provas vestibulares convencionais, seja o ENEM.

Nos últimos três anos, o ENEM tem assumido um papel cada vez mais central no ingresso às universidades públicas devido ao fato de estar a ser adotado por várias instituições de ensino superior como etapa no processo de seleção e, eventualmente, como único vetor de seleção.

Devido à crescente importante da Filosofia e do ENEM para a entrada dos alunos nas universidades públicas, torna-se necessário conhecer o conteúdo de Filosofia exigido no processo.

Até a edição de 2009, a Filosofia entrava no ENEM de modo somente marginal:

  • Em 2005 não houve questão de Filosofia.
  • Em 2006, uma questão sobre a perspectiva de cristãos e de muçulmanos a respeito das Cruzadas; uma questão sobre a visão etnocêntrica das “missões civilizadoras” européias no Brasil no século XIX.
  • Em 2007, uma questão que relaciona Iluminismo, jusnaturalismo, Independência dos EUA e Revolução Francesa.
  • Em 2008, uma questão na qual os alunos deviam se colocar sob a perspectiva do relativismo cultural; uma questão de semiótica, a respeito de signo classificado como “indício”; uma questão sobre a percepção da Peste Negra no século XIV.

Contudo, a partir de 2009 houve um espaço muito aumentado para a Filosofia no ENEM.
  • Em 2009 houve duas provas do ENEM.  A primeira foi cancelada por fraude. Na primeira prova, uma questão sobre a interpretação de duas pinturas (uma, de Debret, retratando D. João VI; outra, de Henrique José da Silva, representando D. Pedro I); uma sobre a interpretação de duas pinturas que representam a Primeira Missa em solo brasileiro; uma questão sobre o acesso às informações por pessoas de diversas culturas; uma sobre a participação coletiva e a autonomia social na política; uma sobre a ação de líderes políticos (Marquês de Pombal e Abraham Lincoln), na qual os alunos devem responder de acordo com uma perspectiva maquiavélica (sem que a questão cite Maquiavel); uma questão sobre a cidadania, o Estado e os indivíduos e as leis brasileiras; uma questão sobre a interpretação do conceito de Idade Média no Iluminismo; e uma questão sobre as diferenças entre a escravidão na Antiguidade greco-romana e a escravidão moderna até o século XIX no Ocidente.
  • Na segunda prova de 2009, uma questão a respeito dos conflitos da primeira metade no século XX (cuja origem é posta na crise do colonialismo e na ascensão do nacionalismo e do totalitarismo); outra questão sobre as características do totalitarismo; uma questão sobre a democracia e a cidadania na tradição política dos EUA; uma questão sobre a moralidade dos EUA de acordo com a perspectiva de Tocqueville; uma questão sobre a cidadania de acordo com a Política de Aristóteles; uma questão relacionando a organização política grega e a organização política das cidades indígenas da Amazônia; e uma questão a respeito da recomendação da Igreja – mais especificamente, da Inquisição –  sobre os casamentos no século XVI no Brasil.
  • O ENEM 2010 também foi aplicado e reaplicado, pois alguns milhares de alunos receberam provas com problemas de impressão. A primeira aplicação teve: uma questão sobre a definição de “política” em Paul Valéry; uma questão sobre Maquiavel; uma questão sobre o poder em Foucault; uma sobre Robespierre, burguesia e Revolução Francesa; uma sobre a disseminação de informações pela internet; duas questões sobre a definição de Ética; uma questão sobre a divisão dos poderes no Estado; uma questão sobre o despotismo e a democracia.
  • A reaplicação do ENEM 2010 teve: uma questão sobre a abolição da escravidão no Brasil, em que uma alternativa refere-se ao contratualismo; uma questão sobre o intercâmbio cultural; uma sobre a função no teatro desde a Grécia; uma questão sobre a definição de Ética; uma questão sobre o etnocentrismo europeu diante dos índios na colonização; uma sobre a globalização e a universalização de posições políticas e morais; uma sobre a divisão dos poderes; uma questão sobre a importância da Biblioteca de Alexandria; uma questão sobre o determinismo (com alternativas que são citações de Sartre, Agostinho, Schopenhauer, Foucault e Nietzsche).
  • Em 2011, o ENEM teve: uma questão sobre ética e moral; uma sobre a relação entre os movimentos sociais e a democracia moderna; uma sobre a definição de cidadão e o direito ao voto na Constituição de 1824; uma questão sobre a diferença entre a lei e a realidade social e política; uma sobre a relação entre a liberdade de imprensa e a democracia moderna;  uma sobre a proporção de eleitores em relação à população na democracia brasileira; uma sobre a influência da mídia no comportamento das crianças; uma sobre a diferença cultural entre os índios e os europeus no Brasil; outra sobre pluralidade étnica e direitos positivos na democracia brasileira; uma sobre o pensamento medieval; e uma sobre a proporção de seguidores de diversas religiões no Brasil.

De acordo com a tendência apresentada nos dois últimos anos (ou seja, nas cinco últimas provas…), o ENEM pode vir com questões de Filosofia sobre os seguintes temas:
  • Filosofia da Arte
  • Pensamento medieval; conceito de Idade Média
  • Ética
  • Etnocentrismo e relativismo cultural
  • A filosofia política grega, especialmente a partir de Aristóteles
  • Comparação entre a organização social e política grega e outras formas de organização social e política
  • Conceito de democracia
  • Conceito de cidadania
  • Maquiavel
  • Contratualismo
  • Montesquieu e a divisão dos três poderes
  • Raízes filosóficas da Independência Americana e da Revolução Francesa
  • Tocqueville e a tradição política americana
  • Os totalitarismos do século XX
  • Determinismo e liberdade

Como fica evidente, a maioria dos assuntos refere-se à ética e à filosofia política.

Um trabalho voltado à preparação para o ENEM, que tornou-se a mais importante prova para o ingresso no ensino superior no Brasil, deve abordar principalmente os temas indicados acima.


... para resolver várias questões com alguns dos temas acima, acessar o Sociologia de Plantão, com alguns exercícios de vestibular...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Estado - Evolução Histórica


01. Considerações iniciais:

... antes de iniciar a traçar a origem do Estado como o conhecemos é de grande importância que saibamos diferenciá-lo dos conceitos de País e de Nação... sim, sim meus/minhas querid@s... Estado, País e Nação não são a mesma coisa... vejamos:

  • Estado - é a forma como uma comunidade se organiza politicamente, ocupando um território definido, dirigida por um governo (normalmente sob uma Constituição) e responsável pela organização e controle social (vale ainda ressaltar que é o Estado que detém o monopólio do uso legítimo da força/ poder coercitivo).
  • País - é um território social, politica, cultural e geograficamente delimitado por fronteiras.
  • Nação - normalmente definido como o conjunto dos indivíduos, geralmente da mesma etnia, que habitam o mesmo território, falam a mesma língua, têm os mesmos costumes, ou seja, um coletivo humano com características em comum.
02. Evolução Histórica:

Desde o seu surgimento como organização de meio nacional, desde as mais primitivas formas de associação política, o Estado, elemento dinâmico por excelência, vem evoluindo sempre, e refletindo, nessa evolução, a trajetória ascensional da civilização humana. Coloca-se em conveniente relevo os traços característicos dominantes da organização estatal em cada um dos grandes estágios da civilização:
  • O ESTADO ORIENTAL = Teocrático e politeísta, destacando-se, pelo seu feitio mais humano e mais racional, o Estado de Israel (O Estado de Israel constituía uma exceção entre os Estados antigos do Oriente);
  • O ESTADO GREGO = Que se caracteriza por uma nítida separação entre a religião e a política. O Estado Grego antigo, geralmente apontado como fonte da democracia,  nunca chegou a ser um Estado democrático na acepção do direito público moderno;
  • O ESTADO ROMANO = Expressão máxima da concentração política econômica. O Estado Romano tinha a sua origem, efetivamente, na ampliação da família. A família era constituída pelo pater, seus parentes agnados, os parentes destes, os escravos e mais os estranhos que se associavam ao grupo. A autoridade do pater família era absoluta;
  • O ESTADO FEUDAL = Conseqüente da invasão dos bárbaros, que foi a expressão máxima da descentralização política, administrativa e econômica;
  • O ESTADO MEDIEVAL = A partir do século XI, que foi uma nova expressão da centralização do poder,  com a preeminência do papado sobre o governo temporal. São características fundamentais do Estado medieval: Forma monárquica de governo; Supremacia do direito natural; Confusão entre os direitos público e privado; Descentralização feudal; e Submissão do Estado ao poder espiritual representado pela Igreja Romana;
  • O ESTADO MODERNO = Que reagiu contra a descentralização feudal da Idade Média e contra o controle da Igreja Romana, revestindo a forma do absolutismo monárquico.

03. Teorias de legitimação do Estado:

Somando a coerção, os Estados geralmente reivindicam alguma forma de legitimar seu poder político de forma a manter domínio sobre os indivíduos.
  • Direito Divino;
  • Estado Natural;
  • Contrato Social.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Modernidade - Sociedade - Exploração - Alienação


FICHA TÉCNICA:
Direção: Jean-François Brient e VictorLeón Fuent
Lançamento:2009
Duração:52 min
Formato: Avi
Tamanho: 695 MB
Legenda: PT-BR

SINOPSE (extraída do site oficial):

A servidão moderna é um livro e um documentário de 52 minutos produzidos de maneira completamente independente; o livro (e o DVD contido) é distribuído gratuitamente em certos lugares alternativos na França e na América latina. O texto foi escrito na Jamaica em outubrode 2007 e o documentário foi finalizado na Colômbia em maio de 2009. Ele existe nas versões francesa, inglesa e espanhola. O filme foi elaborado a partir de imagens desviadas, essencialmente oriundas de filmes de ficção e de documentários.

O objetivo principal deste filme é depor em dia a condição do escravo moderno dentro do sistema totalitáriomercante e de evidenciar as formas de mistificação que ocultam estacondição subserviente. Ele foi feito com o único objetivo de atacar defrente a organização dominante do mundo.

No imenso campo de batalha da guerra civil mundial,a linguagem constitui uma de nossas armas. Trata-se de chamar as coisas por seus nomes e revelar a essência escondida destas realidades por meio da maneira como são chamadas.  A democracia liberal, porexemplo, é um mito já que a organização dominante do mundo não tem nadade democrático nem de liberal. Então, é urgente substituir o mito dedemocracia liberal por sua realidade concreta de sistema totalitáriomercante e de expandir esta nova expressão como uma linha de pólvora pronta para incendiar as mentes revelando a natureza profunda dadominação presente.

Alguns esperarão encontrar aqui soluções ou respostas feitas, tipo um pequeno manual de “como fazer uma revolução?” Esse não é o propósito deste filme. Melhor dizendo, trata-se mais exatamente de uma crítica da sociedade que devemos combater. Este filme é antes de tudo um instrumento militante cujo objetivo é fazer com que um número grande de pessoas se questionem e difundam a crítica por todos os lados e sobretudo onde ela não tem acesso. Devemos construir juntos e por em prática as soluções e os elementos do programa. Não precisamos de um guru que venha explicar à nós como devemos agir: a liberdade de ação deve ser nossa característica principal. Aqueles que desejam permanecer escravos estão esperando o messias ou a obra que bastando seguir-la  ao pé daletra, libertam-se. Já vimos muitas destas obras ou destes homens em toda a história do século XX que se propuseram constituir a vanguarda revolucionária e conduzir o proletariado rumo a liberação de sua condição. Os resultados deste pesadelo falam por si mesmos.

Por outro lado, condenamos toda espéciede religião já que as mesmas são geradoras de ilusões e nos permite aceitar nossa sórdida condição de dominados e porque mentem ou perdem a razão sobre muitas coisas. Todavia, também condenamos todo astigmatismo de qualquer religião em particular. Os adeptos do complot sionista ou do perigo islamita são pobres mentes mistificadas que confundem acrítica radical com a raiva e o desdém. Apenas são capazes de produzir lama. Se alguns dentre eles se dizem revolucionários é mais com referência às “revoluções nacionais” dos anos 1930-1940  que à verdadeira revolução libertadora a qual aspiramos. A busca de um bode expiatório em função de sua pertencia religiosa ou étnica é tão antiga quanto a civilização e não é mais que o produto das frustrações daqueles que procuram respostas rápidas e simples frente ao mal que nos esmaga. Não deve haver ambigüidade com respeito a natureza de nossa luta. Estamos de acordo com a emancipação da humanidade inteira, fora de toda discriminação. Todos por todos é a essência do programa revolucionário ao qual aderimos.

As referências que inspiraram esta obra e mais propriamente dita, minha vida, estão explicitas neste filme: Diógenes de Sinope, Etienne de La Boétie, Karl Marx e Guy Debord. Não as escondo e nem pretendo haver descoberto a pólvora. A mim, reconhecerão apenas o mérito de haver sabido utilizar estas referências para meu próprio  esclarecimento. Quanto àqueles que dirão que esta obra não é suficientemente revolucionária, mas bastante radical ou melhor pessimista, lhes convido a propor sua própria visão do mundo no qual vivemos. Quanto mais numerosos em  divulgar estas idéias, mais rapidamente surgirá a possibilidade de uma mudança radical.

A crise econômica, social e política revelou o fracasso patente do sistema totalitário mercante. Uma brechasurgiu. Trata-se agora de penetrar mas de maneira estratégica. Porém,temos que agir rápido pois o poder, perfeitamente informado sobre o estado de radicalização das contestações, prepara um ataque preventivosem precedentes. A urgência dos tempos nos impõe a unidade em vez dadivisão pois o quê nos une é mais profundo do quê o que nos separa. Émuito fácil criticar o quê fazem as organizações, as pessoas ou osdiferentes grupos, todos nós reclamamos uma revolução social. Mas na realidade, estas críticas são provenientes do imobilismo que tenta convencer-nos de que nada é possível.

Não devemos deixar que o inimigo nos vença, as antigas discussões de capela no campo revolucionário devem,com toda nossa ajuda, deixar lugar à unidade de ação. Deve-se duvidarde tudo, até mesmo da dúvida.

O texto e o filme são isentos de direitos autorais, podem ser recuperados, divulgados, e projetados sem nenhuma restrição. Inclusive são totalmente gratuitos, ou seja, não devem de nenhuma maneira ser comercializados. Pois seria incoerente propor uma crítica sobre a onipresença das mercadorias com outra mercadoria. A luta contra a propriedade privada, intelectual ou outra,é nosso golpe fatal contra a dominação presente.

Este filme é difundido fora de todo circuito legal ou comercial, ele depende da boa vontade daqueles que asseguram sua difusão da maneira mais ampla possível. Ele não é nossa propriedade, ele pertence àqueles que queiram apropriar-se para que seja jogado na fogueira de nossa luta.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Política

01. Definindo..

  • Política deriva do grego politikós, adjetivo que significa tudo o que se refere à cidade (em grego, pólis);
  • Originalmente, seria a arte de governar, de gerir uma cidade (no caso da Grécia Antiga, a cidade-Estado);
  • No sentido comum, política, é guiar ou influenciar pela organização de um partido político, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores. Fala-se de "ser mais político" na maneira de agir, ou até mesmo da política de instituições diversas como escolas, empresas, etc;
  • Atualmente, considera-se a organização, direção e administração de nações ou Estados.

02. Poder:
Discutir política é referir-se ao poder.
  • É possível entender a política como a luta pelo poder, sua conquista, manutenção. O poder político é o poder do homem sobre outro homem (ou sobre uma sociedade). Mas poder também pode ser considerado a capacidade/ possibilidade de agir, de produzir algum efeito;
  • O poder é uma relação, há quem exerce o poder e quem tem o poder exercido sobre si. É a interferência de indivíduos ou grupos nas relações de outros indivíduos ou grupos;
  • O filósofo britânico Bertrand Russell (1872-1970) define o poder como "o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados".

03. Estado:


  • O termo Estado designa "conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram uma nação". Nos tempos modernos, o poder do Estado é a instância por excelência do exercício de poder político;
  • Segundo Max Weber (1864-1920), o Estado (moderno) é reconhecido por possuir dois elementos que o constituem: a prestação de serviços públicos (aparato administrativo) e o controle único (monopólio) do uso legítimo da força;
  • Nos Estados teocráticos, por exemplo, o poder legítimo vem da vontade de Deus (do grego Teo: Deus + kratos: governo), ou simplesmente da força da tradição, quando o poder é passado de geração em geração, através das monarquias hereditárias;
  • Ainda é possível encontrar essa legitimação nos governos aristocráticos, onde o poder é representado por uma elite, cuja definição varia (desde o mais rico, o mais forte, ou até mesmo o de linhagem mais nobre);
  • E, por fim (?), no modelo democrático, onde a legitimidade do poder vem da vontade do povo, do consenso.

04. Democracia:


  • Demos (povo) + kratia, de kratos (governo);
  • Democracia é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos - forma esta a mais usual;
  • A Democracia pode ser considerada de duas formas básicas: Democracia Direta (também chamada de "democracia pura"), por voto direto (do povo) em cada assunto particular; e a Democracia Representativa (também chamada de "democracia indireta"), eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram, ou seja, em nome do povo.


O EXERCÍCIO DEMOCRÁTICO ¹

Segundo Marilena Chaui², as determinações constitutivas do conceito de democracia são as idéias de conflito, abertura e rotatividade.
  • Conflito - se a democracia supõe o pensamento divergente, isto é, os múltiplos discursos, ela tem de admitir uma heterogeneidade essencial. Então, o conflito é inevitável. A palavra conflito sempre teve sentido pejorativo, como algo que devesse ser evitado a qualquer custo. Ao contrário, divergir é inerente a uma sociedade pluralista. Se os conflitos existem, evitá -los é permitir que persistam, degenerem em mera oposição ou sejam camuflados. O que a sociedade democrática deve fazer com o conflito é trabalhá -lo, de modo que, a partir da discussão, do confronto, seja encontrada a possibilidade de superá-lo. É assim que a verdadeira história se faz, nessa aventura em que o homem se lança em busca do possível, a partir dos imprevistos.
  • Abertura - significa que na democracia a informação deve circular livremente e a cultura não é privilégio de poucos. A circulação não se reduz ao mero consumo de informação e cultura, mas significa produção de cultura, que se enriquece nesse processo.
  • Rotatividade - significa tomar o poder na democracia realmente o lugar vazio por excelência, sem privilégio de um grupo ou classe. É permitir que todos os setores da sociedade possam ser legitimamente representados.
Por isso é importante que na sociedade haja mecanismos que permitam a ampla extensão da educação, ainda restrita a setores privilegiados. Que se ampliem os espaços públicos de consumo e produção de cultura. Que o pluralismo dos partidos e sua eficácia independam do poder econômico e que os adversários políticos não sejam considerados "inimigos", mas opositores.

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¹ ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1993.
² CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia; o discurso competente e outras falas. São Paulo: Moderna, 1980.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O que é (pra que serve) a Filosofia?

01. Definindo:



  • Filosofia = Amizade ao saber, à sabedoria.
  • Filósofo = Amigo do saber, da sabedoria.

Primeiramente, devido à longa tradição que possui o saber filosófico é difícil estabelecer uma única definição de filosofia. Apresentemos como ponto de partida a etimologia da palavra Filosofia. Em grego, Φιλοσοφία significa “amizade ao saber”.

Filosofia é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo, ao homem e a sua ação e seus valores.

Filosofia é:
  • ir além do óbvio;
  • se debruçar sobre aquilo que não é imediatamente dado, buscando as suas raízes;
  • desbanalizar o banal.

02. Atividade Humana x Atividade Animal:

03. Senso Crítico e Senso Comum:

Aspectos comuns:
  • O senso comum fornece determinadas soluções que se revelam satisfatórias e que incentivam a investigação científica;
  • Algumas vezes o senso comum vem a ser considerado um saber intuitivo;
  • Outras vezes a investigação científica refuta as crenças do senso comum;
  • O senso comum pode ser também um obstáculo ao conhecimento científico, porque cria expectativas que podem manipular a investigação e a neutralidade da observação científica;
  • Ambos os conhecimentos surgem para resolver necessidades práticas, embora o conhecimento científico não se desenvolva apenas com esse objectivo;


04. Desafios da Filosofia:
.. para despertar o pensamento crítico meu/ minha jovem!!!

Cultura da Imbecilidade:
  • Significa acreditar que tudo na realidade é natural;
  • A filosofia é a desbanalização do banal;
  • Procurar ir além do óbvio.  
Cultura da Intolerância:
  • Significa o não reconhecimento do diferente;
  • A filosofia questiona qualquer espécie de dogmatismo;
  • Busca incessante do diálogo.
Cultura da Alienação:
  • Significa aderir à chamada inteligência de rebanho;
  • A filosofia é a superação do senso comum;
  • Procurar a autonomia do pensar.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Globalização


SINOPSE:

O documentário discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja comunidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos (1926–2001), gravada quatro meses antes de sua morte. Considerado um dos maiores pensadores brasileiros do século XX, Milton Santos não era contra a globalização e sim contra o modelo de globalização perversa vigente no mundo, que ele chamava de globalitarismo. Analisando as contradições e os paradoxos deste modelo econômico e cultural, Milton enxergou a possibilidade de construção de uma outra realidade, mais justa e mais humana.

FICHA TÉCNICA:

Título: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá
Lançamento: 2007 (Brasil)
Direção: Sílvio Tendler
Duração: 89 min
Gênero: Documentário