quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Filosofia no ENEM


01. Filosofia no ENEM:

Há alguns anos o ensino de Filosofia voltou a ser obrigatório em todas turmas de Ensino Médio no Brasil. Desde então, a Filosofia vem se tornando mais importante nas provas de seleção aos cursos universitários, sejam provas vestibulares convencionais, seja o ENEM.

Nos últimos três anos, o ENEM tem assumido um papel cada vez mais central no ingresso às universidades públicas devido ao fato de estar a ser adotado por várias instituições de ensino superior como etapa no processo de seleção e, eventualmente, como único vetor de seleção.

Devido à crescente importante da Filosofia e do ENEM para a entrada dos alunos nas universidades públicas, torna-se necessário conhecer o conteúdo de Filosofia exigido no processo.

Até a edição de 2009, a Filosofia entrava no ENEM de modo somente marginal:

  • Em 2005 não houve questão de Filosofia.
  • Em 2006, uma questão sobre a perspectiva de cristãos e de muçulmanos a respeito das Cruzadas; uma questão sobre a visão etnocêntrica das “missões civilizadoras” européias no Brasil no século XIX.
  • Em 2007, uma questão que relaciona Iluminismo, jusnaturalismo, Independência dos EUA e Revolução Francesa.
  • Em 2008, uma questão na qual os alunos deviam se colocar sob a perspectiva do relativismo cultural; uma questão de semiótica, a respeito de signo classificado como “indício”; uma questão sobre a percepção da Peste Negra no século XIV.

Contudo, a partir de 2009 houve um espaço muito aumentado para a Filosofia no ENEM.
  • Em 2009 houve duas provas do ENEM.  A primeira foi cancelada por fraude. Na primeira prova, uma questão sobre a interpretação de duas pinturas (uma, de Debret, retratando D. João VI; outra, de Henrique José da Silva, representando D. Pedro I); uma sobre a interpretação de duas pinturas que representam a Primeira Missa em solo brasileiro; uma questão sobre o acesso às informações por pessoas de diversas culturas; uma sobre a participação coletiva e a autonomia social na política; uma sobre a ação de líderes políticos (Marquês de Pombal e Abraham Lincoln), na qual os alunos devem responder de acordo com uma perspectiva maquiavélica (sem que a questão cite Maquiavel); uma questão sobre a cidadania, o Estado e os indivíduos e as leis brasileiras; uma questão sobre a interpretação do conceito de Idade Média no Iluminismo; e uma questão sobre as diferenças entre a escravidão na Antiguidade greco-romana e a escravidão moderna até o século XIX no Ocidente.
  • Na segunda prova de 2009, uma questão a respeito dos conflitos da primeira metade no século XX (cuja origem é posta na crise do colonialismo e na ascensão do nacionalismo e do totalitarismo); outra questão sobre as características do totalitarismo; uma questão sobre a democracia e a cidadania na tradição política dos EUA; uma questão sobre a moralidade dos EUA de acordo com a perspectiva de Tocqueville; uma questão sobre a cidadania de acordo com a Política de Aristóteles; uma questão relacionando a organização política grega e a organização política das cidades indígenas da Amazônia; e uma questão a respeito da recomendação da Igreja – mais especificamente, da Inquisição –  sobre os casamentos no século XVI no Brasil.
  • O ENEM 2010 também foi aplicado e reaplicado, pois alguns milhares de alunos receberam provas com problemas de impressão. A primeira aplicação teve: uma questão sobre a definição de “política” em Paul Valéry; uma questão sobre Maquiavel; uma questão sobre o poder em Foucault; uma sobre Robespierre, burguesia e Revolução Francesa; uma sobre a disseminação de informações pela internet; duas questões sobre a definição de Ética; uma questão sobre a divisão dos poderes no Estado; uma questão sobre o despotismo e a democracia.
  • A reaplicação do ENEM 2010 teve: uma questão sobre a abolição da escravidão no Brasil, em que uma alternativa refere-se ao contratualismo; uma questão sobre o intercâmbio cultural; uma sobre a função no teatro desde a Grécia; uma questão sobre a definição de Ética; uma questão sobre o etnocentrismo europeu diante dos índios na colonização; uma sobre a globalização e a universalização de posições políticas e morais; uma sobre a divisão dos poderes; uma questão sobre a importância da Biblioteca de Alexandria; uma questão sobre o determinismo (com alternativas que são citações de Sartre, Agostinho, Schopenhauer, Foucault e Nietzsche).
  • Em 2011, o ENEM teve: uma questão sobre ética e moral; uma sobre a relação entre os movimentos sociais e a democracia moderna; uma sobre a definição de cidadão e o direito ao voto na Constituição de 1824; uma questão sobre a diferença entre a lei e a realidade social e política; uma sobre a relação entre a liberdade de imprensa e a democracia moderna;  uma sobre a proporção de eleitores em relação à população na democracia brasileira; uma sobre a influência da mídia no comportamento das crianças; uma sobre a diferença cultural entre os índios e os europeus no Brasil; outra sobre pluralidade étnica e direitos positivos na democracia brasileira; uma sobre o pensamento medieval; e uma sobre a proporção de seguidores de diversas religiões no Brasil.

De acordo com a tendência apresentada nos dois últimos anos (ou seja, nas cinco últimas provas…), o ENEM pode vir com questões de Filosofia sobre os seguintes temas:
  • Filosofia da Arte
  • Pensamento medieval; conceito de Idade Média
  • Ética
  • Etnocentrismo e relativismo cultural
  • A filosofia política grega, especialmente a partir de Aristóteles
  • Comparação entre a organização social e política grega e outras formas de organização social e política
  • Conceito de democracia
  • Conceito de cidadania
  • Maquiavel
  • Contratualismo
  • Montesquieu e a divisão dos três poderes
  • Raízes filosóficas da Independência Americana e da Revolução Francesa
  • Tocqueville e a tradição política americana
  • Os totalitarismos do século XX
  • Determinismo e liberdade

Como fica evidente, a maioria dos assuntos refere-se à ética e à filosofia política.

Um trabalho voltado à preparação para o ENEM, que tornou-se a mais importante prova para o ingresso no ensino superior no Brasil, deve abordar principalmente os temas indicados acima.


... para resolver várias questões com alguns dos temas acima, acessar o Sociologia de Plantão, com alguns exercícios de vestibular...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Estado - Evolução Histórica


01. Considerações iniciais:

... antes de iniciar a traçar a origem do Estado como o conhecemos é de grande importância que saibamos diferenciá-lo dos conceitos de País e de Nação... sim, sim meus/minhas querid@s... Estado, País e Nação não são a mesma coisa... vejamos:

  • Estado - é a forma como uma comunidade se organiza politicamente, ocupando um território definido, dirigida por um governo (normalmente sob uma Constituição) e responsável pela organização e controle social (vale ainda ressaltar que é o Estado que detém o monopólio do uso legítimo da força/ poder coercitivo).
  • País - é um território social, politica, cultural e geograficamente delimitado por fronteiras.
  • Nação - normalmente definido como o conjunto dos indivíduos, geralmente da mesma etnia, que habitam o mesmo território, falam a mesma língua, têm os mesmos costumes, ou seja, um coletivo humano com características em comum.
02. Evolução Histórica:

Desde o seu surgimento como organização de meio nacional, desde as mais primitivas formas de associação política, o Estado, elemento dinâmico por excelência, vem evoluindo sempre, e refletindo, nessa evolução, a trajetória ascensional da civilização humana. Coloca-se em conveniente relevo os traços característicos dominantes da organização estatal em cada um dos grandes estágios da civilização:
  • O ESTADO ORIENTAL = Teocrático e politeísta, destacando-se, pelo seu feitio mais humano e mais racional, o Estado de Israel (O Estado de Israel constituía uma exceção entre os Estados antigos do Oriente);
  • O ESTADO GREGO = Que se caracteriza por uma nítida separação entre a religião e a política. O Estado Grego antigo, geralmente apontado como fonte da democracia,  nunca chegou a ser um Estado democrático na acepção do direito público moderno;
  • O ESTADO ROMANO = Expressão máxima da concentração política econômica. O Estado Romano tinha a sua origem, efetivamente, na ampliação da família. A família era constituída pelo pater, seus parentes agnados, os parentes destes, os escravos e mais os estranhos que se associavam ao grupo. A autoridade do pater família era absoluta;
  • O ESTADO FEUDAL = Conseqüente da invasão dos bárbaros, que foi a expressão máxima da descentralização política, administrativa e econômica;
  • O ESTADO MEDIEVAL = A partir do século XI, que foi uma nova expressão da centralização do poder,  com a preeminência do papado sobre o governo temporal. São características fundamentais do Estado medieval: Forma monárquica de governo; Supremacia do direito natural; Confusão entre os direitos público e privado; Descentralização feudal; e Submissão do Estado ao poder espiritual representado pela Igreja Romana;
  • O ESTADO MODERNO = Que reagiu contra a descentralização feudal da Idade Média e contra o controle da Igreja Romana, revestindo a forma do absolutismo monárquico.

03. Teorias de legitimação do Estado:

Somando a coerção, os Estados geralmente reivindicam alguma forma de legitimar seu poder político de forma a manter domínio sobre os indivíduos.
  • Direito Divino;
  • Estado Natural;
  • Contrato Social.